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Foto e biografia: companhiadasletras

 

JOSEPH BRODSKY
( RÚSSIA )

 

Joseph Brodsky, pseudônimo de Iosif Aleksandrovich Brodsky foi um poeta russo naturalizado estadunidense. Brodsky entrou em conflito com as autoridades soviéticas e foi expulso da União Soviética em 1972, estabelecendo-se nos Estados Unidos com a ajuda de W. H. Auden e de outros escritores. Wikipé

dia

Nascimento: 24 de maio de 1940, São Petersburgo, Rússia

Falecimento: 28 de janeiro de 1996, Brooklyn Heights, Nova Iorque, Nova York, EUA.  Local de enterro: Cemitério de San Michele, Veneza, Itália.

 

INIMIGO RUMOR – revista de poesia.  Número 10 – maio 2001.  Editores: Carlito Azevedo, Augusto Massi.   Rio de Janeiro, RJ:  Viveiros de Castro Editora, 2001.  124 p.   ISSN 1415-9767
Exemplar bibl. de Antonio Miranda


T
radução de MÁRIO SÉRGIO CONTI: 


CANÇÃO DE BOAS-VINDAS

Eis sua família, sua mãe, seu pai, seus avós.
Bem-vindo a esse sangue, esses ossos.
Por que você perdeu a voz?

Eis sua comida, eis sua bebida, eis o jantar.
Bem-vindo ao lar.

Eis a sua estrada da vida quase virgem.
Bem-vindo a ela, a essa miragem.
Mesmo assim, boa viagem.

Eis seu aluguel, eis seu pagamento.
O dinheiro é o quinto elemento
Bem-vindo ao investimento.

Eis sua colméia, o enxame, multidões.
Bem-vindo a tantas populações:
Você é um em cinco bilhões.

Bem-vindo à lista telefônica onde reluz seu nome.
Numa democracia, um dígito é um homem.
Bem-vindo à busca do renome.

Eis seu casamento, e eis um divórcio todo seu.
E agora os erros irreversíveis cometeu.
Bem-vindo, você se fodeu.

Eis você com a lâmina junto à jugular.
Bem-vindo, auto-terrorista singular,
Ao seu Oriente Médio particular.

Eis seu espelho, eis sua pasta de dentes.
Eis o polvo no se sonho recorrente.
É seu esse grito de demente?

Eis o sofá, a TV, o debate sobre a crise.
Eu sou candidato falando cretinice.
Bem-vindo ao que ele disse.

Em sua varanda, o carro que passa apressado.
Eis seu cachorro cagando na sala, folgado.
Bem-vindo ao seu olhar culpado.

Eis as cigarras e eis um pássaro piando à tarde.
A lágrima que pinga no seu chá pela metade.
Bem-vindo à eternidade.

Eis sua radiografia com uma mancha no pulmão.
Bem-vindos os comprimidos para o coração.
Bem-vindo seja você à oração.

Eis sua tumba, o cemitério que estende além.
Bem-vindas as vozes que dizem “Amém”.
É o fim para você também.

Eis seu testamento, mas ninguém o lê.
Eis sua missa, mas rezar quem há-de?
Eis a vida sem você.

E eis as estrelas que não estão nem aí
Para você ter ou não estado aqui.
Meu velho, é isso aí.

Eis que não sobrou nada do seu passo.
Da sua face não ficou traço.
Bem-vindo ao espaço.

Bem-vindo, aqui não se respira.
No espaço aberto tudo expira.
Só Saturno segura a pira.


OSTRAS

Ostras como meninas, como pérolas.
Pérolas como limo que a umidade lustra.
Com pérolas nos cachos como auréolas,
a menina faz do meu mundo minha ostra.


UM CARTÃO POSTAL DA FRANÇA

Agora que em Paris estou
queria estar onde meu carro está.


NO EXTERIOR

Custam caro as passagens e os hotéis.
Os nomes vão de Rita a Juanita.
Vem o policial e adverte: “És
poema non gruta em terra incognita”.


*

VEJA E LEIA outros poetas dos U. S. A. em nosso Portal:

http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/est_%20unidos_amc/estados_unidos.html

 

Página publicada em dezembro de 2023.


 

 

 
 
 
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